Resenha: A estranha Sally Diamond de Liz Nugent - Spoiler


"Tina estava errada sobre tudo. Eu tinha razão em não confiar em ninguém. No fim, todos me desiludiram."

Ficha técnica

  • Título em Portugal: "A estranha Sally Diamond"
  • Títulos original: "Stranger Sally Diamond"
  • Autora:  Liz Nugent
  • Páginas: 383
  • Narrativa: 1ª pessoa, tempo verbal passado
  • Ano: 2023

Sinopse: A Estranha Sally Diamond é um psicodrama eletrizante que nos mergulha na vida de uma mulher enigmática, forçada a encarar um passado do qual ela não tem lembranças — mas cujas consequências são devastadoras.

Escrita

A narrativa é envolvente e fluida, tornando temas complexos como saúde mental mais acessíveis ao leitor. Escrito em primeira pessoa e no tempo passado, o livro nos aproxima de forma íntima dos personagens. Gosto especialmente desse estilo. Os personagens principais, são bem construídos e repletos de camadas, entretendo não posso falar o mesmo dos personagens secundários, acho que neste ponto o livro deixou um pouco a desejar. 


Análise

Embora eu tenha comprado o livro pensando que seria um mistério, A Estranha Sally Diamond é, na verdade, um psicodrama denso, perturbador e visceral. Até agora, foi a melhor leitura de 2024 para mim.

Vale a pena dizer: se você espera reviravoltas mirabolantes ou mistérios até o final, este livro não é para você. Além disso, aborda temas como pedofilia, misoginia, racismo, homofobia, traumas, saúde mental e até sequestro. Desculpe por qualquer spoiler, mas é difícil falar sobre o livro sem tocar nesses pontos. Se você prefere uma leitura sem spoiler, talvez seja melhor parar por aqui.

Se eu tivesse tido mais tempo, teria lido esse livro em um dia — e olha que não sou do tipo que devora livros dessa forma! Mas a história me deixou tão imersa que não conseguia parar de pensar nas atrocidades descritas, na vulnerabilidade das crianças, e principalmente, no quanto não conhecemos verdadeiramente as pessoas. 

Neste livro entramos na mente dos dois personagens centrais, as descrições e detalhes parecem tão reais e chocam em algumas cenas, o que me causou arrepios ao longo da leitura.

Sally: Diagnosticada pelo pai adotivo com leve autismo (não sei se é correto dizer assim), Sally também poderia ser vista como alguém com Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). Ela se descreve como assexuada e com deficiência sociai, algo que nunca tinha ouvido falar, mas compreendo bem, pois tenho fobia social e encontro dificuldades para me encaixar. Talvez por isso tenha sentido tanta empatia por Sally. Ao contrário de seu parente (não irei falar o nome), Sally teve a oportunidade de ser cuidada e acolhida, o que muda completamente seu destino.

Parente de Sally: Passou por experiências tão traumáticas quanto, ou até piores, mas não conseguiu perceber isso. Após ser reintegrado à sociedade, sem nenhum suporte emocional, ele não conseguiu se adaptar. Embora afirmasse constantemente que era diferente de seu genitor, não conseguiu se livrar das marcas da criação que recebeu.

Conclusão

Ao contrário de muitas opiniões que li por aí, adorei o final do livro. Achei coerente e bem amarrado, com todos os elementos da trama, como o piano e o urso de pelúcia, culminando de forma brilhante. Ele também não me surpreendeu, mas achei de acordo com a narrativa, não era um história de final feliz de contos de fadas, superar um trauma é difícil.

Não posso deixar de mencionar que é um livro de linguagem acessível e de fácil compreensão para abraçar todos os públicos. Para um leitor mais exigente e que gosta de muitos detalhes e reviravoltas, talvez não seja o melhor livro. Em suma, eu gostei muito do livro, é verdade que eu esperava um suspense, mas fui presenteada com uma história brilhante. Quero ler mais da Liz Nugent.

Será mesmo que  quem sai aos seus, não degenera?

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